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microcirurgia da varicocele

          Varicocele é o termo que se dá para a dilatação anormal das veias do cordão espermático, ou seja, as veias que drenam o testículo. Na sua grande maioria das vezes acomete o lado esquerdo, possivelmente bilateral, por motivos anatômicos. 

          A varicocele é aceita como a causa mais comum de infertilidade masculina. Algumas teorias são propostas para o mecanismo pelo qual a varicocele prejudique a espermatogênese (formação e maturação dos espermatozoides). Entre elas, as mais aceitas são as teorias relacionadas ao estresse oxidativo que é causado pela dilatação venosa e persistência do sangue "represado" nas proximidades do testículo e do epidídimo. Esse estresse oxidativo, com a formação de radicais livres, cria um ambiente hostil à correta maturação dos espermatozoides, levando a uma ejaculação de espermatozoides ainda imaturos.

            Dessa forma, a causa cirurgicamente tratável mais comum no âmbito do tratamento da infertilidade masculina é a correção desse defeito anatômico, ou seja, a correção do refluxo venoso da Varicocele. O objetivo do procedimento é a obstrução completa pela ligadura das veias incompetentes, impedindo o retorno do sangue que antes era represado.

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          A dificuldade, porém, baseia-se na complexidade anatômica do cordão espermático. O cordão, como conjunto, tem aproximadamente 16mm de diâmetro (varia de 11 a 22mm, normalmente). É recoberto por 3 camadas, a mais externa pela fáscia espermática externa, ao meio pelo músculo cremastérico e internamente pela fáscia espermática interna. No seu interior, estão presentes várias estruturas:

  • Artérias: vasos sanguíneos que levam o sangue oxigenado para o testículo. São em número variável, mas usualmente podem ser encontradas em número de 3 (artéria testicular, artéria cremastérica e artéria deferencial);

  • Veias: As veias, que compõem o Plexo Pampiniforme, que é a rede venosa que drena o testículo, são em número variável de 3 a 8, usualmente, e compõem o objetivo principal do tratamento da Varicocele, quando incompetentes;

  • Nervos: ramo genital do Nervo Genitofemoral e nervos simpáticos testiculares. Externamente ao cordão espermático, de importância técnica pela sua proximidade cirúrgica, encontra-se ainda o nervo ilioinguinal;

  • Ducto Deferente: ducto responsável pela transição dos espermatozoides entre o testículo/epidídimo até o esperma propriamente dito;

  • Vasos Linfáticos: responsáveis pela drenagem linfática tecidual, ou seja, o líquido intersticial celular que se encontra fora dos vasos sanguíneos.

 

          Dessa forma, considerando o cordão espermático composto de diversas estruturas nobres, de pequeno diâmetro como mencionado e da necessidade do completo tratamento da varicocele para o manejo na infertilidade, a cirurgia a "olho nu", tradicionalmente realizada, atinge taxas de sucesso terapêutico menores, taxa de recidiva maiores e taxas de complicações maiores, em comparação à aplicação do microscópio cirúrgico. Com o uso de tal instrumento, o urologista consegue magnificar de forma significativa o campo operatório, conseguindo identificar estruturas que sem o seu uso são de difícil diferenciação, de modo que mais veias são ligadas e mais artérias são identificadas e preservadas, reduzindo sobremaneira as taxas de complicações pós operatórias.

          O procedimento cirúrgico da Microcirurgia da Varicocele é realizado sob anestesia em bloco cirúrgico e dura entre 30 e 120 minutos de cada lado. Usualmente o paciente recebe alta no dia seguinte ao procedimento.

          O resultado da aplicação cirúrgica do microscópio, então, permite uma cirurgia mais segura, mais eficiente e com maiores taxas de melhora do esperma, visando o tratamento da infertilidade.

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